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da Folha Online
O MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) mobilizou trabalhadores rurais em sete Estados nesta sexta-feira para lembrar os 13 anos do massacre de Eldorado dos Carajás, no Pará. Em 17 de abril de 1996, 155 policiais militares, numa operação para desobstruir a rodovia PA-150, mataram 19 lavradores ligados ao MST e deixaram outros 69 feridos.
O confronto ocorreu quando 1.500 sem-terra que estavam acampados na região decidiram fazer uma marcha em protesto contra a demora da desapropriação de terras, principalmente as da fazenda Macaxeira.
Veja fotos da época do massacre
Foram realizados protestos hoje em São Paulo, Pernambuco, Paraíba, Sergipe, Ceará, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Desde o começo da Jornada Nacional de Lutas do MST, já aconteceram ocupações, protestos e marchas no Distrito Federal e em 15 Estados (Rio de Janeiro, Goiás, Mato Grosso, Pará, Bahia, Alagoas, Roraima e Minas Gerais).
Os sem-terra exigem o assentamento das 100 mil famílias acampadas e denuncia os cortes no orçamento da reforma agrária com a crise econômica mundial.
"A crise econômica demonstra que o agronegócio não tem condições de melhorar a vida dos trabalhadores rurais. Defendemos a realização de uma reforma agrária popular e um programa de agroindústrias em assentamentos para criar empregos e gerar desenvolvimento no campo", afirma a integrante da coordenação do MST, Marina dos Santos.
20.abr.1996 - Jorge Araújo/Folha Imagem
Em São Paulo, cerca de 500 trabalhadores ocuparam a fazenda Santa Lúcia, no município de Iepê, região do Pontal do Paranapanema. No município de Taubaté (região do Vale do Paraíba), 250 famílias ocuparam a fazenda Guassahy.
Na região de Ribeirão Preto, famílias do acampamento Alexandra Kolontai e dos assentamentos Mário Lago e Sepé Tiarajú fizeram a arrecadação de assinaturas para um abaixo-assinado que reivindica ao governador de São Paulo, José Serra (PSDB), que seja arrecadada a área da fazenda Martinópolis, localizada na cidade de Serrana.
Em Pernambuco, mais de 300 famílias ocuparam a fazenda Balame, localizada entre os municípios de Poção e Jataúba.
Na Paraíba, 200 famílias ocuparam a fazenda Bela Vista, no município de Itaibaiana, para cobrar uma política de reforma agrária que garanta condições de moradia e produção.
No Ceará, mais de 100 famílias do MST ocuparam na fazenda São Pedro, situada no município de Irauçuba, distante 146 quilômetros de Fortaleza.
Em Sergipe, 30 famílias ocuparam a fazenda Algodão, em Gararu, no alto sertão do Estado. Em Santo Amaro dos Brotos, cerca de 35 famílias ocuparam a fazenda Nossa Senha das Graças e montaram o acampamento Celso Furtado. Em Ribeirão do Amparo, na divisa do Estado com a Bahia, mais 80 famílias ocuparam um latifúndio improdutivo.
Em Santa Catarina, cerca de 400 trabalhadores rurais do MST liberaram a passagem na praça de pedágio da BR-116, no município de Correa Pinto (região das Lajes), em protesto pela reforma agrária e contra as mudanças no código ambiental do Estado.
No Rio Grande do Sul, as mobilizações da jornada prosseguiram em quatro municípios. Em São Gabriel, marcha de famílias acampadas e assentadas chegou à cidade após o bloqueio da Brigada Militar. O trevo de entrada da cidade foi bloqueado e as famílias caminharam até a prefeitura para negociar a pauta de reivindicação.
Em Canguçu, 200 famílias marcham novamente por dentro da fazenda São João D'Armada e em protesto pelo uso da Brigada Militar em São Gabriel. Na região metropolitana, trabalhadores sem terra bloquearam a RS-040 em Viamão e a BR-290, no Trevo de Charqueadas, por 19 minutos em memória dos trabalhadores assassinados em Carajás.
Em Nova Santa Rita, as famílias acampadas irão simbolizar os 13 anos da tragédia com cruzes na beira da estrada e um ato. "